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Mansoor Hekmat (Política Operária, 2003)

28 décembre 2012

Nécrologie publiée dans Política Operária N°88 (janvier 2003), revue « politique et théorique communiste » portugaise fondée en 1985, dirigée par Francisco Martins Rodrigues. (article en portugais)

Mansoor Hekmat (Zhoobin Razani) morreu com 51 anos em Londres a 14 de Julho de 2002. A constelação de organizações revolucionárias que ajudou a formar es- palha-se desde o Paquistão, a Turquia e o Iraque a parte da Europa ocidental e América do Norte.

Nascido em Teerão, Hekmat tomou-se marxista em Londres, onde completou uma pós-graduação em economia. Nos seus primeiros escritos, sobre a revolução iraniana de 1979, Hekmat defendeu que a burguesia nacional progressista era um mito e que toda a classe capitalista no Irão tinha interesse na dominação, na medida em que com ela extraía superlucros da exploração da classe operária iraniana, pelo que só restava ao proletariado lutar pelo fim do capitalismo. Fundou nessa altura a União dos Comunistas Militantes (ULM).

Em 1982, com os seus companheiros de organização, partiu para as regiões libertadas do Curdistão. Depois da fusão de várias organizações revolucionárias envolvidas na luta armada, fundou-se em 1983 o Partido Comunista do Irão, que elaborou um programa comunista, formulou os objectivos socialistas da classe operária, as características do Estado por que devia lutar e as reivindicações imediatas do proletariado e do povo, criticando os marxistas que se limitavam a lutar por reformas parciais por considerarem impossível qualquer mudança na sociedade capitalista.

As críticas que fez ao nacionalismo do KDP, a organização frentista que agrupa os vários grupos armados curdos, foram mal toleradas e levaram inclusive a confrontos armados e a acesos debates políticos. Atacado pelos reformistas e pela tendência nacionalista, Hekmat abandonou o comité executivo do partido para formar o Centro Comunista Operário e a Fracção Comunista Operária, inaugurando uma série de seminários de discussão e escrevendo longamente acerca das suas ideias. A grande maioria dos quadros do partido juntaram-se à Fracção e, em 1989, depois de os líderes da tendência nacionalista aceitarem as críticas, Hekmat foi eleito por unanimidade como membro do bureau político e secretário do CC.

A luta interna, porém, continuou e a Guerra do Golfo em 1991 deu lugar ao ressurgimento em força do nacionalismo curdo no interior do partido, defendendo a aproximação aos Estados Unidos contra o regime iraquiano. Hekmat demonstrou a natureza nacionalista e anti-operária dessa política.

Demitiu-se do partido, apesar de a maioria do comité central, quadros e membros o apoiar. Provocou assim a demissão de todos os seus adeptos, que formaram com ele o Partido Comunista Operário. As ideias políticas de Hekmat tiveram forte influência sobre a esquerda curda iraquiana e deram lugar ao surgimento do Partido Comunista Operário do Iraque.

* De Mansoor Hekmat publicámos na PO N°11 de Setembro/Outubro de 1987 o artigo « URSS: nem capitalista nem socialista? » Também no n° 5 da nossa revista (Maio/Junho de 1986) se encontra um dossier sobre a actividade do Partido Comunista do Irão.

Hekmat_Orléans1985

Mansoor Hekmat à Orléans en 1985.

Apelo para o Encontro Nacional de Tours

9 novembre 2010

Traduction en portugais par Marlana de l’Appel de Tours.

Em 06 de novembro é em Tours que estarão reunidas(os as(os delegadas(os eleitas(os ou observadoras(es de 25 Assembleias Gerais (AG) interprofissionais, AG de luta, intersindicais abertas às(aos não-sindicalizadas(os, coletivos, coordenações inter-setoriais, etc … , de Laval, Havre, Angers, Béziers, Saint Etienne, Roanne, Chambery, Nantes, Angoulême, Cognac, Bayonne, Chinon, Nimes, Tours, de Saint Denis, Rouen, Champigny, Paris-Est, Paris-Centro, Paris Ve/XIIIe, Paris XXe, Vannes, Lille, Grenoble e Nancy (sem esquecer das cidades de Aubenas, Agen, Brest, Rennes, Montpellier e Sarlat).

As(Os trabalhadoras(es dos setores público e privado, as(os desempregadas(os, as(os aposentadas(os, as(os estudantes do ensino médio e as(os universitárias(os se mobilizaram massivamente pela greve, a manifestação e as ações de bloqueio pela suspensão da reforma das pensões, com o apoio da maioria da população. No entanto, o poder tem respondido com o desprezo, a desinformação, a repressão, a violação do direito à greve, e ele decide usar a força.

A luta contra a reforma da previdência vem em um momento crucial. Enquanto o governo e a maioria dos meios de comunicação anunciam por semanas o fim da mobilização, as ações de bloqueio e de solidariedade são realizadas em todo o país e as manifestações ainda são gigantescas. Esta lei deve ser revogada. Nós nos recusamos a enterrar o movimento após a aprovação da lei.

A estratégia da Intersindical foi um fracasso para as(os trabalhadoras(es. Mas o momento não é de resignação: nós estamos resolvidos a continuar o combate. Em muitas comunidades, as(os que lutam, membros de sindicatos de diversas organizações e trabalhadoras(es não sindicalizadas(os, se reencontram nas Assembléias Gerais e nos coletivos para refletir e agir juntas(os: informar, apoiar os setores em luta, estender a greve renovada (greve por tempo indeterminado), organizar as ações de bloqueio. Queremos que este processo de auto-organização e da ação conjunta se mantenha, se amplifique e se coordene.

Este movimento é parte de uma perspectiva mais ampla para dar derrotar a política do governo e do patronato, que preparam novos ataques, principalmente no seguro de saúde. Continuamos convencidas(os de que a única maneira de ganhar contra o governo é o bloqueio da economia e a greve geral.

Apelamos à unir forças contra a repressão que atinge cada vez mais fortemente aquelas(es que participam de movimentos sociais.

Nós realizamos esta reunião nacional para começar a debater entre nós, a nos coordenarmos e realizarmos ações conjuntas.
Chamamos todas(os aquelas(es que lutam para se reunirem nas Assembleias Gerais, se ainda não existerem em sua localidade.
Apelamos a todos as AG interprofissionais, AG de lutas, intersindicais estendidas as(aos não-sindicalizadas(os, etc., para participarem da próxima reunião nacional em Nantes, no sábado 27 de novembro de 2010, enviando as delegadas(os eleitas(os.

Convidamos as organizações sindicais para enviarem observadoras(es nesta reunião.

Apelamos para as seguintes ações, reforçando as ações de qualquer natureza que ocorrem diariamente:
– Uma ação simbólica em 11 de novembro, às 11h para a revogação do projeto de lei e em homenagem aos mortos no local de trabalho antes da aposentadoria;
– Um dia de ação de bloqueio econômico em 15 de novembro, que estamos chamando de apoio internacional;
– Um ato simbólico que consiste na queima do texto da lei na data da sua promulgação

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